Envenenado e sob o sol escaldante do deserto, Conan encontra sua salvação nas mãos de um viajante que procura reivindicar o seu antigo direito a um reino.
Por Ronan Barros
Em "O Dragão do Mar Interior, lançado na Conan, The Barbarian #39, Conan, após desistir de sua carreira como soldado de Turan, parte em direção a Zamora e, logo em meio a deserto, é atacado por um grupo de bandoleiros. O confronto o faz perder o cavalo e, para piorar ainda mais a sua situação no deserto, ele é picado por uma serpente o que o obriga a fazer um corte em seu braço para eliminar o veneno. Este é o inicio da história e é deveras tenso. Talvez, o melhor momento do quadrinho.
Mesmo envenenado, ferido e a pé... Conan parte sob o sol escaldante do deserto e quando já estava no limiar da fronteira entre a vida e a morte, Conan é socorrido pela caravana de Ben-Hussal e sua sobrinha Rachalla. Ali eles o tratam e contam a historia de seu passado. Ben-Hussal era líder de uma tranquila cidade chamada Keshan quando uma estranha e sobrenatural música trouxe um zangado deus do mar que atormentou a paz da cidade. Seu sacerdote, Ghul-Azalel, convenceu Ben-Hussal que apenas o sacrifício de uma virgem acalmaria a fúria do deus do mar. A contragosto Ben-hussal cedeu ao delírio do sacerdote, mas, após alguns meses praticando o ritual, decidiu fugir da cidade quando o sacrifício exigido era o de sua própria sobrinha.
Depois de um tempo como foragido, Ben-Hussal teve notícias que o sacerdote havia falecido e agora ele estava decidido a retomar a posse de sua cidade. Bem-Hussal convida Conan para ajuda-lo caso encontre alguma resistência... e este, claro, aceita de bom grado.
Assim que chegam a cidade eles são atacados e rendidos. Ali, naquele momento, descobre-se que Ghul-Azalel não estava morto e que tudo foi um truque para atrair Bem-Hussal e sua sobrinha Rachalla. Esta é novamente oferecida como sacrifício ao deus do mar sendo colocada amarrada sobe uma rocha próxima a praia como oferenda ao terrível deus. Conan consegue se libertar de seus algozes e se joga no mar para salvar a garota e é neste momento que descobrimos que o tal “deus do mar” é uma espécie de crocodilo gigante que é aparentemente atraído por uma arpa tocada pelo sacerdote.
Ali começa um imenso confronto de Conan com a criatura que se arrasta por toda a cidade. O ser, gigante como ele é, não reconhece o limite imposto por paredes e nem mesmo uma tropa de homens é capaz de pará-lo. Após Conan conseguir ferir a criatura, ela se volta novamente para o mar. Neste momento Conan é atacado pelo sacerdote, mas este facilmente o detêm o jogando sobre a criatura que o arrasta mar a dentro.
E na reviravolta do ultimo quadro, descobrimos que Ghul-Azalel era na verdade o irmão de Ben-hussal e pais de Rachalla.
Esta história é outro original de Roy Thomas e ele se baseou em parte no mito grego de Perseu e Andrômaca que consiste na história de um herói resgatando uma donzela que seria sacrificada por um monstro marinho. A ideia do monstro marinho nasceu de uma tira de jornal dominical que ele lera de O Príncipe Valente, de Hal Foster, na qual ele enfrentava um crocodilo gigante de água salgada a qual eles chamavam de dragão. Thomas enviou cópias desta tira para Buscema perguntando se ele conseguiria fazer daquela criatura a principal ameaça da história o quê, é evidente, ele fez com maestria. Enquanto a batalha do Principe Valente durou poucos quadros nas tiras dominicais, John Buscema desencadeou longas e belas sequencias de destruição do dragão pela cidade.
Não nego que o inicio envolvendo o deserto, sol escaldante e Conan envenenado me parecia mais assustador e até mesmo angustiante. Pena que o roteiro acabou encontrando uma solução muito simples e deu uma total guinada no rumo da história. De toda forma, a batalha de Conan com o “dragão” é bastante cativante e reviravolta no final, apesar de simples, achei bem colocada.
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